GUARULHOS COMPLETA 458 ANOS NESTE SÁBADO (8 DE DEZEMBRO)
É controversa a datação de 1560 para o início da povoação portuguesa no lugar que hoje é a colina onde fica o centro da cidade de Guarulhos. É certo porém que tudo começou com um aldeamento indígena dirigido por padres jesuítas para proteger de outras tribos indígenas adversas o colégio que eles haviam instalado em São Paulo alguns anos antes. Da colina onde se situava a aldeia era possível controlar o rio Tietê. Assim surgiu Guarulhos como periferia de São Paulo. Até hoje o brilho da Capital ofusca a identidade e a economia de Guarulhos, passando por várias fases: de posto avançado protetor, para lugar de extração de ouro (Lavras) e de trânsito de gado, para polo agrícola e de chácaras, para produção de tijolos e de areia, para centro industrial, para cidade residencial, para base aérea militar, para centro aeroportuário, para centro de logística.
LEMBRANÇA DE ALGUNS CICLOS DE CRESCIMENTO E OUTROS DE CRISE
A década de 1950, depois da inauguração da Via Dutra, foi um período de crescimento da cidade com a instalação de muitas indústrias. A década de 1970 assistiu a mais um período de desenvolvimento quando do chamado ‘milagre brasileiro’ ao qual seguiria nos anos de 1980 um período de crise. O crescimento foi retomado no final daquela década, quando as mudanças tributárias da Constituição de 1988 permitiram que as prefeituras tivessem uma renda extra real de 25%. Segue-se na segunda metade da década de 1990 uma agudíssima crise fiscal e de gestão. Voltou o ciclo de crescimento na década de 2000 e nos dois primeiros anos da década seguinte. Entrou então a partir de 2013 na crise que persiste até os dias atuais.
GUARULHOS ESTÁ NUM DE SEUS CICLOS DE CRISE
Hoje Guarulhos se encontra numa fase de crise. O sistema púbico de saúde tem a crise mais evidente: um dos nove Pronto Atendimentos fechado, no Taboão; redução de atendimentos no HMU e no Hospital Pimentas, falta de remédios nas farmácias das UBSs, falta de insumos nos hospitais e outras unidades de saúde, falta de médicos. Mas há uma crise também na conservação da cidade, especialmente em seus bairros periféricos. Crise também gerada pela alta do desemprego e aumento do número de pobres, que hoje são cerca de 200 mil numa população de 1 milhão e 300 mil. Crise de moradia quando milhares esperam uma oportunidade nos programas Minha Casa Minha Vida ou CDHU e no desespero ocupam áreas vazias privadas ou públicas. Crise pela ausência de novos investimentos numa cidade que cresce continuamente e que acumula pelo progresso novos gargalos. Crise pelo crescimento da criminalidade que amplia uma sensação generalizada de insegurança.
FALTA CLAREZA SOBRE OS RUMOS FUTUROS DA CIDADE
Muitas áreas antes ocupadas por indústrias que cessaram suas atividades na cidade vão se transformando em centros residenciais verticalizados, ou em prédios comerciais, ou em transportadoras de cargas, ou em imensos galpões de logística. O aeroporto contribui com empregos e com a identidade própria da cidade, mas isola regiões uma das outras dificultando a mobilidade urbana. As ruas da cidade ficaram estreitas para o crescente número de automóveis e em várias regiões pelo tráfego de caminhões. Os novos grandes conjuntos residenciais verticalizados em áreas distantes do centro se instalam sem o correspondente crescimento dos serviços públicos ofertados. As áreas e oportunidades de lazer são poucas levando a iniciativas perturbadoras do sossego dos moradores, como é o caso dos pancadões. As promessas de centros de tecnologia não saem dos anúncios oficiais. A automação e a queda generalizada da renda popular se somam para gerar multidão de desempregados. A resposta coerente e integrada a este conjunto de problemas ainda está por ser dada. Mesmo assim, sempre é bom, como se faz nos aniversários das pessoas desejar: Feliz Aniversário Guarulhos. Muita saúde, progresso e paz.
